OS LIMITES DA LIBERDADE
1ª Coríntios 10:1-33 (v.23)
"Tudo é permitido", mas nem tudo convém. "Tudo é
permitido", mas nem tudo edifica. 1 Coríntios 10:23
Nos capítulos 8 a 10, o apóstolo Paulo ensinou que é
preciso equilibrar a liberdade cristã, com a obediência que devemos a Deus e
com o amor que devemos ter aos irmãos em Cristo.
No capitulo 9, o apóstolo exortou os crentes a usarem a
liberdade para a autodisciplina.
E neste capítulo 10, os crentes são estimulados a se
preocuparem com aquilo que é proveitoso para os outros e não apenas para si.
O apóstolo inicia o texto trazendo à memória o cenário da saída do
Egito e da passagem do povo de Israel pelo deserto, rumo à terra prometida.
(10:1-11).
Para aquele tempo há vários
episódios destacados pelo apóstolo que são exemplos do que acontece a quem usa
a liberdade para desobedecer a Deus.
Com a expressão “nossos
pais”, o apóstolo mostra a ligação espiritual que existe entre o povo de Deus
no passado, Israel, e o povo de Deus atual, a igreja de Cristo (Gl. 3:16, 29).
Por isso o que aconteceu a Israel serve de exemplo, ou figura, para os crentes
para não errarem da mesma forma (10:6).
Israel recebeu de Deus muitas bênçãos, das
quais Paulo destacou quatro (10:1-4):
1- A nuvem que dirigiu e
protegeu o povo (Ex. 13:21; 14:19)
2- O mar vermelho que se
abriu para que o povo passasse a pé (Ex. 14:19-31).
- Na colocação do texto
estes dois exemplos foi como se tivessem sido batizados (mergulhados) em
Moisés. Eles haviam se colocado sob sua liderança e se identificaram com ele.
3- Todo o povo comeu o
mesmo alimento espiritual, no sentido de que foi providenciado milagrosamente
por Deus (Ex. 16:13-16).
4- E bebeu da bebida
espiritual – a água que Deus providenciou milagrosamente no deserto tirando-a
da rocha (Ex. 17:6; Num. 20:7-11).
- No Antigo Testamente,
Deus é chamado de ROCHA (Nm. 21:17; Dt. 32:4, 15, 18, 30, 31). E ao afirmar que
Cristo era a ROCHA, o apóstolo estava dizendo que JESUS foi a fonte de todas as
bênçãos que os de Israel recebeu no deserto. Assim no texto JESUS participou
com Deus do sustento dado ao povo de Israel.
- Mesmo Deus tendo agido
milagrosamente em favor do seu povo, durante a caminhada no deserto, muitos
entre eles foram murmuradores, desobedientes, e sofreram as consequências dos
seus erros, como resultados muitos morreram durante a peregrinação de 40 anos
pelo deserto. Josué e Calebe foram preservados! (Num. 14:30-32).
1. Exemplos de mau uso da liberdade (10:6-10)
O texto tem como objetivo que os crentes aprendam
sobre as terríveis consequências de usar mal a liberdade e se rebelar contra
Deus.
Vejamos alguns exemplos do povo de Israel
durante a caminhada no deserto:
Cobiça (10:6).
Os israelitas, cansados de comer o maná todos os dias, reclamaram porque
queriam carne e desejaram ardentemente a comida que havia deixado no Egito
(Num. 11:4-6; 18-23, 31-35).
O problema não foi
quererem carne, mas a intensidade do desejo a ponto de pensarem que o lugar de
onde foram tirados por Deus era melhor e por duvidarem de Deus para satisfazer
suas próprias necessidades, por isso foram castigados com a morte (Num. 11:4).
Idolatria (10:7). Os Israelitas fizeram um bezerro de ouro, e adoraram e dançaram, numa típica
festa idolatra, e por isso foram punidos com a morte (Ex. 32:1-29).
Os crentes de Corinto
estavam julgando a idolatria como de pouca importância; então foram advertidos
para que não fossem idolátras como foi o povo de Israel.
Imoralidade (10:8). Os Israelitas se prostituíram com as moabitas, e Deus os puniu com a
morte (Num 25:1-9).
Paulo mostra no texto a
tragédia que acontece quando o povo desobedece ao Senhor, principalmente com o
pecado da imoralidade sexual como tal havia cometido os de Israel.
Tentar a Cristo (10:9). Tentar é colocar a prova. Os israelitas colocaram Deus
à Prova quando reclamaram de ter sido do Egito, quando caluniosamente disseram
estar sem pão e sem água e reclamaram, mais uma vez, do maná (Num. 21:4-9).
Os crentes de Corinto
estavam correndo o risco de colocarem Cristo a povoa com a sua atitude
negligente em relação à idolatria e com a imoralidade, por ignorarem os padrões
morais estabelecidos por Ele para os crentes.
Murmuração (10:10). Murmurar é queixar-se, é criticar. Os Israelitas queixaram-se contra
Deus muitas vezes e mesmo depois do terrível castigo imposto por Deus a Coré e
seus companheiros de rebelião, o povo teve coragem de reclamar com Moisés e
Arão como se eles é quem houvessem punido os revoltosos; não entenderam que Deus
é quem havia castigado, pois a rebelião destruía o povo e os planos de Deus
para eles. (num. 16:1-12; 19-35. 41-50)
Os crentes de Corinto
estavam se queixando, criticando o apóstolo Paulo; estavam se rebelando contra
a autoridade apostólica. Eles precisavam ter cuidado, pois assim como Deus é
bondoso, Ele é justo também, se ele puniu os murmuradores de Israel, também
puniria os crentes murmuradores de Corinto.
Portanto, vemos no texto que
a exemplo dos Israelitas e dos Corintos; Deus não se agrada de atitudes que
levam os crentes a se rebelarem contra Deus, e não se pode entender que a
liberdade alcançada venha conduzir o crente ao seu mau uso nas relações com
Deus, e com a liderança instituída por Ele na Igreja.
2. Liberdade para fugir do pecado (10:12-22)
Os crentes pelo exemplo
dos israelitas já estavam avisados sobre os terríveis resultados de desejar o
mal e de pratica-lo em desobediência a Deus (10:11).
Havia aqueles que estavam
muito confiantes em si mesmo, que julgavam poder usar a liberdade para fazer o
que quisessem, que não precisavam se autodisciplinar, deviam se cuidar para não
cair, para não pecar (10:12).
Era necessário que os
crentes entendessem que as tentações advindas não proveem do divino. Deus não
tenta ninguém (Tg. 1:13). O crente deve entender que Deus capacita-o a vencer a
tentação dando-lhe capacidade para suporta-la, e as condições
espirituais para vence-la, pois Ele dá o escape, o meio para o crente obter a
vitória sobre a tentação (10;13).
Os crentes de Corinto
tinham conhecimento suficiente a respeito da adoração aos ídolos e podiam avaliar
corretamente o conselho do apostolo e tomar a decisão correta sobre o assunto
(10:15)
Paulo, então, lhes falou a
respeito da Ceia do Senhor e lhes lembrou que pela fé em Cristo o crente recebe
a salvação por meio de seu sacrifício, e tem comunhão com Ele. (10:16,17).
Os crentes são alertados
para o fato de que não podia participar da Ceia do Senhor, ter comunhão com
Cristo, e ao mesmo tempo participar dos banquetes onde eram oferecidas carne
sacrificadas aos ídolos.
Portanto, os crentes
precisam usar a liberdade que têm para se colocar longe daquelas atividades que
horam deuses pagãos.
3. A Liberdade cristã tem limites (10:23-33)
O crente é livre de todas
as restrições religiosas que impõem o que deve fazer e o que não pode; é livre também
em relação aquilo que são implicações
morais, mas o crente limita sua liberdade por aquilo que convém e edifica.
O crente não pode se
agarrar egoisticamente aos seus interesses em nome da sua liberdade; ao
contrário, deve avaliar o que convém o que leva beneficio ao irmão, e o que edifica,
aquilo que o faz crescer espiritualmente.
O ensino de Paulo, então,
é que os crentes deviam fazer tudo para glória de Deus e isso aconteceria
quando fosse sensível a consciência do irmão, quando usassem a liberdade em
beneficio do outro para não faze-lo se escandalizar.
Aplicação
O crente precisa fugir de
toda forma de idolatria em que a sociedade está mergulhada; não deve participar
de suas atividades religiosas que são em honra aos ídolos, e, portanto dos
demônios.
A tentação é inevitável
para todos, mas elas são na medida do que cada um pode suportar, e Deus sempre
concede ao crente a maneira de vencê-la.
O crente é livre, mas deve
usar a sua liberdade dentro do limite do que convém e do que edifica para não
causar escândalo nem aos crentes, nem aos não crentes.
Fonte: Revista Fidelidade - 1 Corintios.
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