O PAPEL DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO.
“A família pode até delegar o ensino de conteúdo disciplinar de seus
filhos ao sistema público e privado de ensino; mas jamais abdicar de sua
autoridade e seu papel na educação deles...”.
A Bíblia é um manual de educação. Foi escrita para nos dar
entendimento e nos educar em relação a todas as coisas. Toda a Escritura diz
respeito ao aprendizado: Deus deseja que O conheçamos, ensina-nos a conhecê-lo
através de tudo o que Ele criou, e nos orienta sobre como cuidar e administrar
sua criação tal como é no Reino dos Céus.
A raiz da palavra “educação” apresenta duplo significado:
corresponde tanto ao ato de derramar para dentro (ensino) quanto ao de tirar
para fora (aprendizado). Educação compreende não só o ato de ensinar, mas
também o ato de aprender pela prática. Como tal, a educação lida principalmente
com o homem interior, com a formação de seu caráter. Ela corrige temperamentos,
forma comportamentos e hábitos, e prepara
os indivíduos para serem úteis na vida adulta.
A Bíblia atribui o dever de educar aos pais, à família (Gn
18.19; Pv 22.6; Sl 78.5; Dn 1.4; Dt 6.4-7). Na perspectiva de Deus, o lar é a
principal fonte de conhecimento e influência para a formação do caráter e visão
de mundo dos filhos. O lar é o lugar de promoção do aprendizado: nele, os membros
da família devem aprender valores, princípios e comportamentos e discernir o
certo do errado, o bem do mal, o lícito do ilícito, o justo do injusto. Nele,
as crianças devem aprender a lidar com problemas, propor soluções, superar
dificuldades, e agir com confiança e excelência em tudo o que fizerem.
Ao lado da família, a Igreja, enquanto instituição tem o papel de contribuir, preparando os pais para ser educadores no lar, tanto por
ser sua extensão, como por apresentar a missão de alcançar todo o mundo pelo
discipulado das Nações (Mt 28.19-20). A expressão “fazer discípulo” (Mt 28.19)
faz referência a “ensinar um acadêmico sob disciplina”, enquanto a expressão
“ensinando” (Mt 28.20) corresponde ao ensino ativo, prático da verdade.
Portanto, foi dada à igreja a responsabilidade de ensinar tanto a salvação em
Cristo quanto os fundamentos e princípios bíblicos para todas as áreas da vida.
Os discípulos entenderam e propagaram essa visão. No início
da era Cristã, os Cristãos criaram escolas para educar e levar salvação às crianças
de famílias pagãs e para assim expandir o Reino de Deus. Na Idade Média, John
Wycliffe, teólogo e professor da Universidade de Oxford, traduziu as Escrituras
para o Inglês comum e iniciou um movimento de alfabetização de pessoas por meio
da leitura da Bíblia. Nos séculos seguintes, o papel de ENSINAR da Igreja foi
continuado pelos reformadores e seus seguidores, como os Peregrinos, os
Puritanos. Desse investimento, foram fundadas as primeiras universidades
europeias, como a de Genebra, Cambridge e Oxford, e norte-americanas, dentre
elas, Harvard, Yale e Princeton e se consolidou a ideia de educação universal e
gratuita para crianças e adolescentes – na Nova Inglaterra, pela primeira vez
na história, a educação se tornou universal e gratuita ainda em meados do
século XVII.
No Brasil, a educação consiste em um direito social, cuja
promoção é dever do Estado e da família (Constituição da República, 1988, art.
205). Ao Estado, cabe ofertar ensino de conteúdo disciplinar, enquanto, à
família, cabe a educação moral e religiosa dos filhos (Convenção Americana
sobre Direitos Humanos, 1969, art. 12, 4).
Na prática, porém, tem competido ao Estado à FORMAÇÃO de
crianças e adolescentes, seja como resultado da transferência voluntária de
autoridade da família para o governo civil, ou em decorrência de uma
interferência ilegal do Estado na autoridade de educar das famílias. Tem sido o
Estado o responsável por definir um currículo que prioriza a problematização à
investigação, a crítica ao conhecimento, o desenvolvimento afetivo em relação
ao cognitivo, e que possibilita a doutrinação político-ideológica dos
estudantes. Tem sido o Estado a ofertar, cada vez mais, educação em tempo
integral, sobretudo, para a educação infantil. Tem sido o Estado a ditar e
promover o tipo de educação que as crianças e adolescentes brasileiros têm
recebido.
Deus
atribuiu a autoridade para educar à família e,
de modo complementar, à Igreja. Deus não a deu ao governo civil por uma razão
simples: a educação é um processo individual, não coletivo; particular, não
partilhado; interno, não externo. Como tal, só se desenvolve apropriadamente na
família. A família pode até delegar o ensino de conteúdo disciplinar de seus
filhos ao sistema público e privado de ensino; mas jamais abdicar de sua
autoridade e seu papel na educação deles. A família educa; a escola ensina.
"Ao lado da família, a Igreja, enquanto instituição, também tem papel na educação, tanto por ser sua extensão, como por apresentar a missão de alcançar todo o mundo pelo discipulado das Nações" (Mt 28.19-20).
Fonte: Educação
transformada e transformadora
Viviane Petinell
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