HINOS E CÂNTICOS
Hinos x Cânticos (ou corinho).
Ainda hoje, este
assunto gera tensão em algumas igrejas.
Primeiramente, é preciso deixar claro que não se pretende fazer com que você deixe de gostar de cânticos e passe a gostar dos hinos, ou
vice-versa. Entendemos que o
assunto envolve um componente emocional que é específico de cada pessoa.
Todas as pessoas têm o direito de gostar do que quiserem, e respeitar essa preferência é uma questão de amor ao próximo. Além disso, certo que há vantagens e desvantagens no uso de cada um desses estilos, de acordo com o contexto. Abaixo, algumas características de cada um desses estilos, sempre imaginando um contexto genérico.
Todas as pessoas têm o direito de gostar do que quiserem, e respeitar essa preferência é uma questão de amor ao próximo. Além disso, certo que há vantagens e desvantagens no uso de cada um desses estilos, de acordo com o contexto. Abaixo, algumas características de cada um desses estilos, sempre imaginando um contexto genérico.
Hinos
a) Valor
histórico
- Os hinos têm um inegável valor histórico. Eles fizeram o fundo musical de muitos
acontecimentos da história da Igreja, e são importantes para o entendimento
dessa história. Além disso, os hinos fizeram parte da vida dos nossos pais,
avós e, porque não dizer, da nossa própria vida.
b) Conteúdo
teológico
- Ao ressaltar essa virtude dos hinos, não estamos dizendo que os cânticos não
possuam um bom conteúdo teológico, mas afirmando que ao cantarmos os hinos, o fazemos com segurança, pois sabemos
que estes hinos foram selecionados com extremo rigor doutrinário, ainda que um
ou outro hino apresente alguma fragilidade doutrinária.
Alguns hinos foram compostos por pessoas de elevada credibilidade, como o hino “Castelo Forte”, que foi composto pelo próprio Martinho Lutero, o grande líder da Reforma Protestante.
Alguns hinos foram compostos por pessoas de elevada credibilidade, como o hino “Castelo Forte”, que foi composto pelo próprio Martinho Lutero, o grande líder da Reforma Protestante.
c) A longevidade dos hinos - Os hinos têm
resistido bravamente ao tempo. A composição de alguns hinos data do século XVI
ou XVII, e continuam a ser cantados com vigor, e o continuarão a ser por muitos
anos ainda.
d) Português rebuscado - Algumas
frases dos nossos hinos são realmente incompreensíveis para alguém que não
tenha um bom conhecimento da língua portuguesa.
Observemos o início do hino “Chuvas de Bênçãos”: “Se da vida as vagas procelosas são...”
Embora seja um exemplo já conhecido, de
fato esta frase é monumental. Afinal de contas, o que estamos dizendo ao cantar
essas palavras?
Para que você não se consuma em curiosidade, veja:
“vagas” são ondas marítimas de grande proporção, e “procelosas” significa que
essas gigantescas ondas são perigosas e ameaçadoras.
Cantar sem entender o que se está cantando certamente
está muito mais para experiência mística do que para genuína adoração (culto
racional).
e) O desprezo aos títulos - Um compositor, fica imaginando se uma das suas composições viesse um dia
a fazer parte dos nossos hinários. Se este hino estiver na ordem do culto, e se perguntarmos a alguém que hino foi cantado, é certo que a pessoa
citaria o número do hino e não o seu título.
É lamentável que desprezemos os títulos, pois
sintetizam a mensagem dos hinos, substituindo-os por números, ainda que tal
indexação facilite em muito a localização dos hinos.
f) Desconhecimento - A maioria dos hinários
possui 500 hinos ou mais. No entanto, utilizamos em torno de 15% desse
repertório, o que indica uma repetitividade que pode levar a liturgia a
tornar-se uma rotina enfadonha.
Cânticos (ou corinhos)
a) Fácil aprendizado - Podemos dizer que os cânticos, com raríssimas exceções, são facilmente aprendidos e memorizados
pelas pessoas, isso porque já são feitos com esse objetivo.
Contam, também, com grupos bastante preparados
musicalmente para realizar a tarefa de ensino do cântico, além de contar, na
maioria das igrejas, com “letras” facilmente visualizadas mediante o uso de Slides, dispensando a utilização de livretes e Coletâneas.
Nota: hoje ja contamos com telas ledes.
b) Investimento tecnológico e musical - Hoje,
contamos com equipes de louvor que fazem um trabalho profissional (ou quase)
quanto ao aspecto técnico. São ensaios incessantes e muita dedicação para que a
apresentação dos cânticos tenha toda exuberância.
c) Mensagens contextualizadas e atuais - Um
hino registrado em hinário sempre será pelo menos relativamente antigo, embora aparentemente não tratar de temas emergente e atual, os valores da mensagem doutrinaria, vale muito para nossas vidas esperimentuais.
(..) Já os cânticos têm a
faculdade, de abranger assuntos atuais; eles podem ser compostos para situações específicas, trazendo uma
resposta rápida e eficiente às necessidades da igreja.
d) Vida curta - A maioria dos cânticos tem uma vida curta. Estamos
sempre à procura de novos cânticos, e, com isso, aqueles que aprendemos alguns
meses atrás vão caindo no esquecimento.
e) Insegurança quanto à teologia - A ansiedade
em sempre trazer para a comunidade cânticos novos faz existir uma quantidade
razoável de cânticos cujas letras nunca analisamos, e nem procuramos saber quem
os compôs.
Este processo, bem ao estilo fast-food, tem-nos levado a proferir
impensadamente inverdades bíblicas ou algo com que não concordamos.
f) Nem tudo é corinho - Alguns
dirigentes de louvor tomam músicas como se fossem cânticos (ou corinhos). Isso causa no mínimo
um desconforto para a congregação que se vê forçado a cantar uma música, dando
a ela a mesma interpretação que é dada por um cantor profissional.
Como podemos ver quem é apaixonado pelos hinos tem
motivos para isso. O mesmo se pode dizer dos que gostam dos cânticos (ou corinhos).
A questão
é que no momento em que nos reunimos em congregação para cultuarmos a Deus,
devemos deixar de lado nossas preferências pessoais em função de um bem comum.
O que nos motivará e capacitará a isso é o exercício do amor ao próximo, do qual
tanto falamos e pouco realizamos.
(...) Quando não é possível desenvolver
os gostos, tratam de pelo menos não interpor-se como obstáculo à celebração do
culto a Deus do modo como cada qual mais gosta.
Para finalizar, os aspectos que apontamos como desvantagens, tanto dos hinos quanto dos cânticos ( ou corinhos), podem ser tratados de modo a deixarem de ser desvantagens.
Vejamos:
a) Português rebuscado - Os
responsáveis pela condução dos hinos na igreja devem explicar às pessoas o
significado de palavras pouco conhecidas constantes das letras dos hinos.
Isto,
naturalmente, requer uma organização em que se possa saber, previamente, qual
hino será cantado, de modo a que se possa analisá-lo.
Outra forma interessante talvez fosse, eventualmente, apresentar à congregação uma explicação rápida sobre o hino: sua história, seu autor e seu significado.
Já ouvi uma dessas explicações
a respeito do Hino “It’s well with my soul”, conhecido no Brasil como “Sou
feliz com Jesus”; a partir de então, canto esse hino lembrando o sentimento de
respeito, submissão e esperança em Deus que tinha o autor quando o compôs,
passando de navio pelo local onde havia perdido toda sua família num naufrágio.
b) O desprezo aos títulos - Em vez de anunciarmos
pelo número o hino que será cantado, basta que sejam informados tanto o título
quanto o número correspondente no hinário utilizado pela igreja.
c) Desconhecimento - Os responsáveis pela
música na igreja devem fazer uma seleção ampla dos hinos, de modo a,
periodicamente, estarem ensinando hinos ainda não conhecidos, sem abandonar os
mais conhecidos pela igreja.
d) Vida curta - Os responsáveis pela música na igreja devem
catalogar os cânticos ( ou corinhos), de modo a estarem sempre ensinando novos cânticos, cantando
os já conhecidos e revitalizando os que vão ficando antigos.
e) Insegurança teológica - Antes de
ensinarmos um cântico (ou corinhos) à igreja, devemos analisar sua letra de acordo com a Palavra
de Deus, mesmo que este cântico esteja sendo o sucesso do momento.
f) Nem tudo é corinho - O fato de
gostarmos muito de uma música não significa que todos irão gostar também.
Embora tenhamos a melhor das intenções ao trazer músicas para serem ensinadas
na igreja, temos que admitir que o auditório que irá cantá-las é muito heterogêneo
e, em função disso, há muitas limitações quanto à performance.
Nota: Parafraseando o mestre Jesus diante de muitos dos
confrontos com os judaizantes, em um desses confrontos respondeu: "Deveis,
porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas" (Mateus 23:23)
OU SEJA: "Deveis, porém, entoar cânticos, e não omitir hinos dos hinarios CC. e HCC em
vossos cultos".
Adaptação: pr. Ozéas Dias Gomes.
Fonte Livro: Melo, Valter Júnior. A música no dia-a-dia da igreja:
identificando problemas e propondo soluções. Brasília : Itamarati, 2001. Páginas
81 a 87.
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